Viajando com Jack e Sally

Jack e Sally no metrô de Paris

Desde que decidi vir morar fora o que eu mais ouvi foi "e seu cachorros?" e obviamente, a resposta não poderia ser outra além de "eles vão comigo".

E assim começou uma bela saga na minha vida, pesquisando como faço pra levá-los no avião, como faria do aeroporto até o lugar que eu iria morar, como é a cidade em relação a pet friendly, blogs de pessoas que já viajaram com animais, maneiras mais fáceis de fazer a adaptação deles em outro país de temperatura diferente... e por aí vai!

Aqui irei falar um pouco da minha experiência e também responder algumas das perguntas que mais recebi sobre isso.

Bom, é burocrático viajar com os animais sim, é trabalhoso e requer um dinheiro devido a quantidade de exames que tem que fazer. E se seu animal for de porte médio/grande, tem que comprar uma reserva no porão do avião também.

Mas se tem uma coisa que eu posso dizer com prioridade é: TUDO vale a pena para estar com seus bichinhos, eles também são sua família (as vezes até mais que a própria família de sangue, viu?). Eu posso dizer com propriedade que sem eles eu não conseguiria fazer nada e essa mudança seria impossível.

Agora falando um pouco sobre as burocracias:

Primeiro de tudo, pesquise quais exames e documentos necessários para entrar no país que você for escolher ir (e se o vôo tiver conexões, pesquise sobre esses países, pois as vezes também é necessário uma outra documentação específica). Algumas companhias aéreas não aceitam animais no porão em vôos com conexões, foi o caso da que eu viajei, a AirFrance. Pesquise sobre isso também antes de comprar a passagem!

Dica importante: comece a fazer tudo isso com, pelo menos, 6 meses de antecedência da sua viagem!

Tudo pesquisadinho? Todas as respostas aí?

Ok, hora de começar a dar entrada em tudo:

1. Passagem comprada, reserve na hora o espaço para seu animal. Ligue na companhia logo em seguida a compra, pois existe um número máximo de animais permitidos por vôo.

2. Começando os exames: faça a aplicação do microchip (caso seu animal não tenha ainda), após isso, será necessário tomar a vacina antirrábica e, para depois de 30 dias da vacina, coletar o sangue para fazer a sorologia (definitivamente o exame de sangue mais importante para viajar, sem ele você não faz nada), após a sorologia coletada o resultado chega em aproximadamente 1 ou 2 meses (não lembro muito bem) e, após o resultado, mesmo tudo estando certo na saúde de seu animal, ele ainda deverá ficar de quarentena no país onde reside por 3 meses. Por isso é importante começar toda a pesquisa bem antes da sua viagem! Aqui está o link do Gov.br para quem quiser ler direitinho sobre isso (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/vigilancia-agropecuaria/animais-estimacao/sair-do-brasil/requisitos-em-pdf-publicados/uniao-europeia-site-mapa-jul-22.pdf)

3. Com todos os exames em mãos, após os 3 meses da quarentena, você terá de dar entrada no CVI (Certificado Veterinário Internacional), esse documento tem um prazo, por isso você só poderá dar entrada nele faltando uns 10 dias para sua viagem. Aqui contém todas as informações necessárias para a solicitação do CVI de cada país (https://www.gov.br/pt-br/temas/viajar-para-outro-pais-com-seu-cao-ou-gato-cvi) Assim que você preencher todo o formulário, no final, ele irá te pedir para fazer o download do atestado oficial de saúde do animal. Você terá de baixá-lo, imprimir e levar para o veterinário (junto ao seu bichinho) para preencher com todas as informações necessárias (tente fazer tudo isso no mesmo dia). Tudo pronto? Escaneie o documento e envie de volta. Eles tem um prazo para te responder, por isso é importante já fazer logo tudo no primeiro dia disponível. Eu passei perrengue demais com esse prazo, não recomendo isso a ninguém! Sem o CVI você não sai do país com seu bichinho.

Pronto, essa é a parte burocrática. Leia todos os sites com muita atenção e se atente muito aos detalhes dos documentos, como a cor da pelagem do animal, a data de nascimento... tudo! Eles checam tudo e não pode ter nenhuma informação divergente!

Alguns vôos aceitam Animais de Assistência Emocional (ESAN) na cabine sem nenhum custo adicional, mas o que é isso? São animais que proporcionam conforto e auxiliam no controle de doenças psiquiátricas de seus tutores, como depressão e ansiedade. Esses bichinhos só podem ser considerados como ESAN por um médico psiquiatra. Portanto, pesquise se no local de destino e/ou empresa que você irá viajar aceitam esses animais, pois ele irá junto a ti e confortável, sem ter que ir no porão.

Meus animais foram no porão e eu passei mal de ansiedade e vôo todo, quem me conhece sabe o quanto sou apegada e não consigo ficar longe. Eu não consegui fazer com que eles fossem comigo, mas dependendo do destino, você consiga! Estarei torcendo daqui!

Agora algumas respostas sobre adaptações: é importante comprar a caixa de transporte com bastante antecedência, para que seu bichinho já vá acostumando com ela dentro de casa. Comece bem aos pouquinhos a introduzir a caixa na rotina de seu animal. Primeiro (se for aquelas caixas que desmontam) tire a parte de cima e deixe só a de baixo, como se formasse uma caminha. A partir disso, comece a dar petiscos a ele nesse local e aos poucos vá colocando a parte de cima, criando assim a caverninha confortável de seu animal. Dê petiscos, faça festa quando ele entrar, deixe os brinquedinhos dele lá dentro.

Quanto antes você começar tudo isso, menos seu animal irá sofrer na caixa! No dia da viagem, eu também coloquei os travesseiros que eu dormia na cama com eles na caixa (sim, meus cachorros são de dormir na cama junto), para que pudessem sentir meu cheiro.

E a partir daí é só alegria, aqui em Paris a cidade é toda pet friendly. Os cachorros podem andar no metro livremente, em lojas, shoppings... Todos os lugares eles são muito bem vindos, isso ajuda muito também no quesito transporte e adaptação.

Lembre-se sempre de pesquisar como são as leis locais para seus animais e boa viagem! <3